segunda-feira, 30 de maio de 2011

Carlos Drummond de Andrade

o outro



Como decifrar pictogramas de há dez mil anos

Se nem sei decifrar

Minha escrita interior?

Interrogo signos dúbios

E suas variações calidoscópicas

A cada segundo de observação.

A verdade essencial

É o desconhecido que me habita

E a cada amanhecer me dá um soco.

Por ele sou também observado

Com ironia, desprezo, incompreensão.

E assim vivemos, se ao confronto se chama viver,



Unidos, impossibilitados de desligamento,

Acomodados, adversos,

Roídos de infernal curiosidade.

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