sábado, 24 de abril de 2010

Pessoa, sempre pessoa


O AMOR é que é essencial.

O sexo é só um acidente.

Pode ser igual

Ou diferente.

O homem não é um animal;

É uma carne inteligente

Embora às vezes doente.


Fernando Pessoa.



domingo, 18 de abril de 2010

Teresa - Manuel Bandeira

A primeira vez que vi Teresa

Achei que ela tinha pernas estúpidas

Achei também que a cara parecia uma perna



Quando vi Teresa de novo

Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo

(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)


Da terceira vez não vi mais nada

Os céus se misturaram com a terra

E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

O "ADEUS" DE TERESA - Castro Alves

A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos...
E depois na sala"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala...

E ela, corando, murmurou-me: "adeus."


Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"


Passaram tempos... sec'los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo......
Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse — "Voltarei! ... descansa! ..."
Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"


Quando voltei... era o palácio em festa! ...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! ... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa! ...

E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"


S. Paulo, 28 de agosto de 1868.